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18 de Abril de 2024

Estudante tenta conseguir carteira da OAB na Justiça

Juiz diz: Se ao invés de pedir sua OAB na justiça, fosse estudar, já teria passado na prova.

Publicado por Bernardo César Coura
há 7 anos

Estudante tenta conseguir carteira da OAB na Justia

Uma sentença proferida pelo juiz Eduardo Duarte Elyseu, da 1ª Vara do Trabalho de Porto Alegre (RS), já inicia a fulminar a pretensão de um bacharel em Direito de obrigar a OAB/RS a lhe entregar a habilitação de advogado sem a prestação do Exame de Ordem.

E. O. S ajuizou uma ação na Justiça do Trabalho contra a entidade de classe da Advocacia gaúcha contando ter se formado em Direito na Ulbra no ano de 2003, especializando-se, depois, em Ciências Criminais.

Disse estar impedido de exercer a profissão de advogado porque a OAB-RS estaria a exigir, ilegalmente, a aprovação no exame. Pediu que a Ordem fosse obrigada a entragar a carteira profissional, sob pena de multa de R$ 10 mil diários e instauração de processo criminal por desobediência.

Os fundamentos sentenciais que sobrevieram ao inusitado pleito expõem a insatisfação judicial com a ação proposta, basicamente pela sua inadequação em vários aspectos, que foram bem exibidos pelo magistrado.

O próprio relatório da decisão inicia com a aposição de diversos "sic" -, expressão que indica a transcrição de trechos cujo teor contém algum erro. Também a petição inicial foi reputada longa e repetitiva. Prosseguindo, o julgador entendeu por extinguir o processo sem resolução de mérito, por diversos motivos.

O primeiro, pela falta de indicação obrigatória do endereço do autor, que atua em causa própria apesar de não ser advogado.

O segundo, por incompetência em razão da matéria. É da Justiça Federal a competência para julgar causas em que a OAB é ré, e não da Justiça do Trabalho.

Nesse aspecto, a sentença expõe a curiosa intenção do autor de tratar o seu caso pessoal com analogia à ação movida pelo jogador de futebol Tcheco, ex-atleta do Grêmio de Porto Alegre, cujo objeto era o registro de contrato de trabalho na CBF e na FGF, matéria esta, sim, atinente a uma relação laboral.

O argumento foi rebatido com veemência pelo juiz, que não aceitou a pretensão do autor de colher depoimento testemunhal do jogador Tcheco, para provar a competência material da Justiça do Trabalho.

O juiz foi veemente e crítico no rebate dessa pretensão: "Afinal, em que o depoimento daquele ilustre jogador de futebol poderia ser remotamente útil para estabelecer a competência material para dirimir a lide ou provar o pretenso direito do autor? Francamente, examinando-se a petição inicial da presente demanda, não é de causar espanto que o autor, tendo colado grau no curso de Direito no ano de 2003, ainda não tenha logrado êxito até hoje, mais de sete anos depois, em ser aprovado no Exame de Ordem."

A sentença explica que a Advocacia é uma profissão e a OAB é uma entidade de classe, "não se cogitando, assim, de controvérsia oriunda de relação de trabalho quando esta se dá entre bacharel em direito e a Ordem dos Advogados do Brasil e diz respeito exclusivamente à inscrição do bacharel nos quadros da Ordem na condição de advogado."

A terceira base para o extermínio da ação foi o reconhecimento da impossibilidade jurídica do pedido, pois o pedido foi deduzido contra texto expresso da Lei nº 8.906/94, que exige como requisito para a inscrição do bacharel em direito como advogado, “aprovação em Exame de Ordem”.

Considerou o magistrado que a lei não fere a Constituição Federal, pois “é livre exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Anotou o juiz Eduardo Elyseu, ainda, que o autor ingressou na faculdade já na vigência da lei, sabendo que se quisesse exercer a profissão de advogado teria que se submeter e ser aprovado em Exame de Ordem.

A decisão ainda termina com uma sugestão ao demandante: "Por tudo o que se disse, embora não seja atribuição do Judiciário imiscuir-se em questões atinentes às escolhas pessoais das partes, recomenda-se ao autor que daqui por diante direcione o valioso tempo e a prodigiosa energia desperdiçados nesta natimorta demanda judicial no estudo dos conteúdos exigidos pelas provas do Exame de Ordem, nos termos do Regulamento do Exame. Com isso, por certo poupará precioso tempo do Poder Judiciário Trabalhista, já tão assoberbado de demandas que envolvem questões efetivamente relevantes e afeitas à sua competência e, de quebra, ainda poderá lograr aprovação no Exame de Ordem, como se exige de qualquer bacharel em direito que pretenda exercer a advocacia, ingressando nesta nobre carreira pela porta da frente." (Proc. Nº 0000948-54.2010.5.04.0001).

Fonte: amodireito

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84 Comentários

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Sempre fui contra este exame, sem comentários para esta ação descrita no caso exposto. Mas, falar da OAB ser uma instituição organizada me poupem. Faço uma pergunta, já fizeram os cálculos de quanto se arrecada somente com este exame por ano? Alguns milhões. E a anuidade é a mais cara dentre toda as profissões, algum organismo audita a OAB ? E os donos dos cursinhos, quem são; são juristas e ex juristas, interesse puro. Este exame não qualifica ninguém, pois conheço vários advogados que conseguem perder prazos, escrevem sem o devido conhecimento da língua portuguesa e por ai a fora. Vou um pouco adiante, para ser ministro do STF você além de ser nomeado pelo presidente, não precisa nem ser bacharel, pode ter somente o notório saber do direito, olha que incoerência. continuar lendo

Marco Antonio, as taxas são pagas para custear os alugueis do espaço e a diária de quem trabalha nos dias em que há o exame, normalmente em um Domingo!
E a OAB é o único órgão que se dispõe a ajudar os advogados, enquanto que os outros só servem para fiscalizar o profissional.
Se você conhece profissionais que fazem muita besteira mesmo com o exame, imagina se não tivesse! continuar lendo

Marco - imagino que você nem vai ler meu comentário, mas vamos lá:

1- Dentre as entidades representativas de classe no Brasil a OAB é sem dúvida alguma uma das, se não a mais organizada;

2- "já fizeram os cálculos de quanto se arrecada somente com este exame por ano? Alguns milhões. E a anuidade é a mais cara dentre toda as profissões" seguindo o seu raciocínio, não seria mais vantajoso para a OAB distribuir carteirinhas e lucras com as anuidades? a conta é simples: um estudante que faz duas provas por ano gera R$ 500,00 (fora os custos da prova), já um advogado inscrito R$ 800,00 de anuidade - R$ 300,00 a mais de lucro

3- "algum organismo audita a OAB ?" a OAB deveria ser auditada pelos próprios advogados inscritos em seus quadros - mas no Brasil ninguém da a mínima para nada - as pessoas não vão nem em reunião de condomínio que dirá olhar as contas da sua entidade de classe. Preferem ficar falando bobagens na internet, não é mesmo?

4- "E os donos dos cursinhos, quem são; são juristas e ex juristas, interesse puro."se precisa de cursinho é porque os cursos são ruins - isso só prova como é necessário o exame.

5-"ste exame não qualifica ninguém, pois conheço vários advogados que conseguem perder prazos, escrevem sem o devido conhecimento da língua portuguesa e por ai a fora." não confunda conhecimento técnico com - competência, esmero e dedicação. Se seus amigos são desleixados e incompetentes não é culpa do exame e sim deles mesmos - o exame avalia capacidade técnica. continuar lendo

Pois amigo, imagina caso não existisse o exame. Creio que seria pior do que vc citou. continuar lendo

Disse muito bem meu caro Marco Antônio. Sempre tive a mesma opinião e quem tiver diversa, com certeza lhe falta discernimento ou como disse, deve estar lucrando com isso. Só um cego não vê isso. O motivo para existência dessa famigerada prova da Ordem é puramente financeiro. continuar lendo

Não há justificativa plausível para uma taxa de inscrição de 240,00 reais para prestar o exame da OAB. Um concurso de magistratura, que conta com 4 ou 5 fases entre provas objetivas, subjetivas, orais, análise de títulos, etc, as vezes tem uma taxa de inscrição mais barata. Sou a favor do exame, mas discordo dos valores cobrados. continuar lendo

Kkkkkkkkkkkkkkk. Que lambada. continuar lendo

É extremamente valido um órgão de classe exigir um exame de competência para exercer condignamente a profissão. Se quer ser profissional prove sua competência em um minimo necessário, o que ele deveria ter combatido, acredito que com amplo apoio da classe, era a exorbitância da anuidade que chega aos R$ 800,00 por ano (informações passadas por um amigo que acredito serem verdadeiras). Uma afronta ao advogado iniciante. continuar lendo

Nobres Colegas, o exame da Ordem é indispensável. Quem tiver o mínimo de responsabilidade, no final da graduação estará convencido desta necessidade, este cidadão é um oportunista, tentou se dar bem, sem realizar o exame, se deu mal. Naturalmente, este cidadão passou o curso inteiro brincando, não levou a sério nada e agora, tenta burlar o sistema em uma atitude néscia, principalmente, no âmbito da justiça trabalhista. Não dá amigo, vai estudar com dedicação em casa que eu garanto que você passará no exame da ordem, não perca tempo, tentando pular a janela, entre pela porta da frente com honra e gloria, não é difícil basta estudar, não perca tempo com cursinhos dos quais só vivem repetindo questões das provas anteriores. Compre um vadmecum atualizado estude para a primeira fase. Para a segunda fase, estude a doutrina, súmulas e as jurisprudências do STJ e STF relativa ao ramo do direito que você escolheu, se for trabalhista, súmulas do TST e seus enunciados, além da norma propriamente dita. Capriche na peça e seja feliz. Simples e fácil, não fique pagando mico, estude com antecedência. continuar lendo

Imagino o capitão Nascimento olhado pra ele e dizendo: "Nunca será!!" continuar lendo

"Seu E.O.S. o Sr. é um fanfarrão"!!! continuar lendo

Vergonha alheia! continuar lendo

KKKKKK, essa foi gostosa.
Onde já se viu uma coisa dessas?
Eu, que embora tenha sido aprovado no exame, não exerça o mister por incompatibilidade, estou com vergonha pelo pobre bacharel, que poderia dormir sem essa.
Realmente, se estudasse, ao invés de perder o tempo dele e do judiciário com essa pataquada, já teria sido aprovado.
Graças a Deus pelo exame da Ordem. continuar lendo